Com a temperatura alta, nem sempre o que refresca o tutor é adequado ao animal; iniciativas para aliviar o calor podem não ser ideais para algumas espécies
O verão está chegando e as altas temperaturas exigem cuidados extras com os pets. E atenção: nem sempre o que refresca o tutor é adequado para o animal, bem como as iniciativas em aliviar o calor para alguns bichinhos pode não ser ideal para outras espécies.
Inteligentes como são, os mascotes mostram que estão com algum incômodo mesmo sem falar. Cabe ao humano ser vigilante quanto ao comportamento do animalzinho e providenciar logo algum conforto antes que o mal-estar resulte em prejuízo maior.
Um destaque aos animais idosos, que tendem a ter maior risco de hipotermia e desidratação: eles são mais lentos, quietos e apresentam mucosas ressecadas, por isso merecem atenção redobrada. Alguns podem necessitar de hidratação através da fluidoterapia (administração de fluidos em ambiente hospitalar). A orientação é providenciar sombra, ofertar bebedouros próximos e, em alguns casos, aplicar água na boquinha usando seringa. Tapetes gelados em comercialização em pet shops são alternativas para propiciar bem-estar, bem como borrifar água gelada nos pelos.
As doutoras do Hospital Veterinário Taquaral (HVT) Fabiana Vitale, especializada em dermatologia, e Morgana Prado, expert em pets não convencionais, traçam um panorama geral sobre as peculiaridades de cada tipo de animal.
Cães e gatos
Segundo a Dra. Fabiana, cachorros e felinos possuem temperatura corporal diferente (normalmente mais alta) em comparação ao humano. Em contrapartida, os pelos auxiliam na termorregulação, protegendo-os do frio e calor. “Cães e gatos não possuem tantas glândulas sudoríparas como nós, portanto, transpiram muito menos. A troca de calor com o ambiente, de forma a resfriar o corpo, ocorre através do ato de resfolegar, que consiste em colocar a língua para fora da boca e arfar bastante”, explica.
Pets não convencionais
A Dra. Morgana ressalta que as aves são homeotermos (mantêm a temperatura corporal relativamente constante), assim como os mamíferos. A veterinária ensina que os pássaros, os lagomorfos (pequenos mamíferos herbívoros, como os coelhos e lebres) e roedores não possuem glândulas sudoríparas, o que dificulta a troca de calor com o ambiente. Já os répteis são ectodérmicos, condição caracterizada por necessitar de uma fonte externa para regulação da temperatura.
Sinais de desconforto
Nos dias mais quentes, não é difícil para tutor perceber que o animal não está confortável. As especialistas orientam que os pets dão indícios de que merecem uma atenção especial.
Cães e gatos procuram deitar de barriga para baixo no chão frio. Tomam mais água, respiram de forma intensa e de boca aberta. Normalmente ficam muito inquietos e mudam de posição ou lugar com mais frequência. “Alguns animais até jogam água da tigela de água no chão e deitam em cima para se refrescar. E outros podem cavar na terra buracos profundos na tentativa de alcançar terra mais úmida e fresca”, indica a Dra. Fabiana.
Quando estão sob altas temperaturas, as aves ficam no fundo da gaiola, arfantes e com as asas e bico abertos. Dra. Morgana lembra ainda dos lagomorfos e roedores, que também se mostram ofegantes, apáticos, letárgicos e sem disposição para brincar. Esse tipo de animal perde o apetite e pode ficar esticando as patas traseiras no chão para se refrescar. Já os répteis procuram abrigo em um local mais ameno, pois o ambiente faz com que o corpo deles resfrie e ele não passe calor.
Dicas para aliviar o calor
Cães e gatos
Ventilador
De modo geral não há contraindicações para o uso direto nos animais. A exceção é para os que possuem problemas oftálmicos, como “olho seco” (ceratoconjuntivite seca), pois pode agravar a sensação de ressecamento ocular e provocar irritação, como vermelhidão e coceira.
Ar-condicionado
O uso do aparelho requer o acompanhamento no ambiente de um umidificador, além da necessidade de estimular o animal a beber água para evitar ressecamento de vias aéreas. Pacientes com ceratoconjuntivite seca também podem ter desconforto ocular, por isso é importante a aplicação de colírio lubrificante antes até do animal ser colocado neste ambiente resfriado. “O uso de temperaturas muito baixas do ar-condicionado pode provocar choque térmico e promover desconfortos, como espirros e tosse seca”, alerta a Dra. Fabiana.
Brincadeiras na água
Cães têm acesso livre à piscina, com a observação de que é preciso banhar o animal depois para remover o cloro da pele e do pelo. Aos animais alérgicos, com dermatite atópica, por exemplo, recomenda-se a hidratação da pele em seguida com produtos prescritos pelo veterinário dermatólogo. Animais de pelo curto podem secar ao ar livre, e os de pelagem longa, recomenda-se o uso de sopradores e secadores para evitar que a pele fique úmida. “Gatos, de modo geral, não gostam de entrar na água ou de se molharem, mas caso haja interesse na diversão, a recomendação é a mesma que é dada para os cães”, enfatiza a Dra. Fabiana.
Oferecimento de água gelada
Não existe risco algum para cães e gatos, inclusive eles adoram e é uma excelente forma de promover alívio térmico. Frutas congeladas também são ótimos recursos.
Estímulo à ingestão de água
Ofereça alimentação natural, que é mais úmida; adicione água na comida; espalhe vários potes com água pela casa — ou fontes e bebedouros com água em movimento para os gatos, que apreciam esse recurso devido a sensação de água limpa; água de coco, por ter sabor levemente adocicado, pode contribuir para o consumo de líquidos para cães e gatos.
Passeio em dias quentes
Evite sair com cães e gatos em horários de alta incidência solar, pois há risco de queimadura das patas/ coxins. Recomenda-se passear com os animais até por volta das 8h30 e ao final da tarde e início da noite. Esse é um cuidado muito importante! Aos braquicefálicos, acidentes como queimaduras, úlceras, sangramento e hipertermia podem ser fatais!
Tosa
Não se recomenda a tosa de animais com pelo longo, nem mesmo no verão. “Na ideia de tentar ajudar a controlar o calor, estamos justamente prejudicando o controle térmico de cada animal removendo dele o seu isolante término natural — os pelos”, explica Fabiana. Em algumas raças de pelagem dupla, como Akita, Samoieda, Spitz Alemão e Chow Chow, por exemplo, pode haver indução de uma condição patológica chamada alopecia pós-tosa, caracterizada pela interrupção do crescimento do pelo por, no mínimo, dois ou três anos.
Doenças geradas pelas altas temperaturas
Insolação e hipertermia — os cães são mais acometidos, em especial os braquicefálicos, pois têm maior dificuldade no resfriamento corporal através do ato de resfolegamento. Sinais como ofegação extrema, redução da atenção, temperatura corporal muito elevada, inconsciência/coma — neste caso o animal dever ser levado imediatamente a um hospital veterinário 24 horas na tentativa de salvar o paciente.
Desidratação
Qualquer animal pode sofrer se estiver submetido a altas temperaturas, sem possibilidade de acesso à sombra e água fresca. Se a desidratação for moderada a grave, o animal deve ser levado imediatamente ao hospital. Apatia, prostração, redução da interação e atenção, ressecamento de mucosas, redução da micção ou ausência da mesma podem ser sinais de desidratação.
Infestação por pulgas e carrapatos
Em épocas de maiores temperaturas a proliferação destes parasitas é maior, sendo necessário o uso de produtos preventivos para evitar complicações originadas pelas picadas e infestação intestinal por parasitas.
Pets não convencionais
Ventilador
Não é indicado vento direto no animal devido ao ressecamento do ar e das vias aéreas. Uma opção, de acordo com a Dra. Morgana, é ligar o umidificador junto com o ventilador. Em relação às aves é preciso muita atenção, pois correntes de vento podem ocasionar alterações respiratórias graves. Já nos répteis, o ventilador não interfere na oscilação da temperatura. O que gera efeito refrescante é, por exemplo, ter pedra de mármore nos terrários. “Lembrando que quando se trata de chinchilas devemos manter o ambiente mais ameno porque são animais que necessitam de temperaturas baixas, porém não diretamente, e sem exageros”, observa Morgana.
Ar-condicionado
Assim como os ventiladores, é interessante usar o umidificador junto no ambiente e nunca deixar diretamente no animal. Mas par as chinchilas o ar-condicionado, junto com o umidificador, figura como uma boa pedida. “Os répteis são espécies com exigências particulares, como uso de lâmpadas de aquecimentos, ventiladores específicos de terrários. Sendo assim, é preciso conhecer cada espécie para definir a sua exigência nestes casos”, reforça Morgana.
Brincadeiras na água
Não podem faltar banheiras nas gaiolas, pois as aves adoram se refrescar tomando banho. Mais uma alternativa é borrifar água na gaiola nos horários mais quentes. Lagomorfos e roedores normalmente não se molham e não têm a necessidade. Caso aconteça, a indicação da Dra. Morgana é secar o animal com secador morno para evitar problemas de pele. Estas espécies gostam de brincar com atrativos gelados e uma sugestão é oferecer garrafa pet com água congelada para se distraírem. Já para a chinchila o banho com água não é indicado. “Existe um pó especifico que faz a limpeza do animal”, esclarece a especialista. O aspergimento de água é bastante indicado como cuidado aos répteis.
Oferecimento de água gelada
Aos animais silvestres essa não é uma boa sugestão. A melhor opção é dar água em temperatura ambiente. No entanto, aves como papagaio e arara gostam de “sorvete” de polpas de frutas, podendo ser oferecido esporadicamente.
Passeio em dias quentes
Não são indicados passeios de carro, nas ruas ou parques; não esqueça gaiolas ao sol!; e atenção a alguns coelhos e porquinhos da índia que andam soltos em casa: deve-se evitar o acesso ao piso onde bate o sol devido a queimaduras nas patas.
Estímulo à ingestão de água
Ofereça frutas suculentas, como laranja, maracujá e melão, bem como verduras com água borrifada.
Tosa
Muitos tutores tosam seus coelhos, porém não é uma atitude indicada. Não alivia o calor e prejudica o controle térmico do animal, sem contar risco de lesões durante o processo devido a pele ser fina e sensível.
Doenças geradas pelas altas temperaturas
Devido às oscilações de temperatura, bronquite, infecções respiratórias e gastrointestinais são comuns. Atenção à fermentação das frutas, pois no calor os alimentos estragam com mais facilidade.
Hospital Veterinário Taquaral — nova unidade
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Gilberto Vieira de Sousa é Jornalista (MTB 0079103/SP), Técnico em Sistemas de TV Digital, Fotografo Amador, Radioamador, idealizador e administrador dos sites GibaNet.com e cotajuridica.com.br, Redator no Programa Lira em Pauta, Editor da Revista Konect Brazil e do site Assessoria Animal