O luto é um processo psicológico natural, que envolve a assimilação de uma perda ou morte, real ou simbólica.
Não se trata somente de morte, pode ser a perda de uma situação econômica, de uma relação amorosa ou mesmo o fim de um período como a adolescência ou de formação universitária. Todas essas situações envolvem um trabalho de luto.
Assim também acontece quando perdemos um bicho de estimação que após anos de convivência passa a fazer parte de família. Quando ele adoece e morre, deixa um vazio a ser enfrentado com um processo de luto. A intensidade e a demora para a superação do luto dependerão do tipo de relação do animal com a pessoa.
Ao longo da história, os animais ficavam fora das casas, nas áreas externas como os quintais. Hoje, eles circulam em todos os ambientes e muitos dormem com seus donos, sendo tratados como filhos. Isso torna a relação do dono com animal muito intensa.
O luto consome uma grande quantidade de energia psíquica. Não sobram forças para quase nada, comer, trabalhar, pensar… tudo é muito custoso! Dá vontade de dormir e acordar um ano depois, quando o tempo poderá ter dado algum alívio…
Para quem tem uma religião ou crença espiritual, pode haver também conforto. A fé é uma força que tenta contribuir na compreensão e explicação de algo que parece incompreensível e inexplicável.
Se o animal que está doente ou idoso, que vai perdendo suas capacidades aos poucos, é mais fácil assimilar a perda, porque há tempo para se preparar. Mas quando a morte é repentina, o tranco é maior e é mais difícil superar a perda.
O que pode ajudar no processo é viver a morte, em todas as suas etapas. Pode-se expressar a dor em um texto, em um gesto no sepultamento ou em uma cerimônia que propicie a despedia do animal.
Sugiro que se espere em torno de um ano, antes de ter outro pet para substituir o que morreu. No entanto, se depois desse tempo a pessoa ainda sentir muito a perda, podemos considerar a necessidade de pedir ajuda profissional para superar o luto.
É preciso tempo para a recuperação para que as cores da vida ressurjam. O fim do luto é a convivência mais pacífica com a falta, com a memória, com a história e com a capacidade de seguir em frente!
Informações à imprensa:
Gisela Monteiro é doutora em Psicologia Social pela USP, professora universitária, psicoterapeuta e palestrante. Idealizadora da plataforma Falatório com Gisela (www.falatoriocomgisela.com.br), na qual apresenta a Psicologia de forma descomplicada, e autora do livro “Imprevisíveis!”